Tokenização representa grande oportunidade no Brasil, afirma Dagnoni
A tokenização pode ser para o Brasil o que o Pix foi para os pagamentos instantâneos. Essa é a visão de Roberto Dagnoni, chairman do Mercado Bitcoin, que participou do evento DAC 2025 e falou sobre a enorme oportunidade que surge com a digitalização de ativos e o avanço das stablecoins. Ele acredita que o Brasil tem todas as condições para liderar essa transformação, especialmente em um setor de crédito privado que, segundo ele, é avaliado em impressionantes R$ 3,6 trilhões.
Dagnoni destacou que a chance de transformar o mercado de crédito privado pela digitalização dos ativos é imensa. Ele comparou a ascensão das stablecoins com o impacto que o Pix teve na forma como fazemos pagamentos, e acredita que isso pode colocar o Brasil na linha de frente da inovação financeira global.
Outro ponto de destaque é que mesmo as stablecoins representando apenas 7% do valor total dos criptoativos, elas foram responsáveis por cerca de 40% do volume de negociações em 2024, que chegou a US$ 28 trilhões. Este número ultrapassa até o que fazem gigantes como Visa e Mastercard. Para Dagnoni, essa não é apenas uma tendência — é uma realidade que já está deixando sua marca em áreas como crédito, pagamentos entre empresas e operações imobiliárias.
Ainda no evento, o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez uma reflexão sobre os riscos que essas mudanças podem trazer. Ele comentou que quando recursos saem dos depósitos bancários e vão para carteiras digitais, a base de crédito dos bancos pode diminuir, impactando a transmissão da política monetária. Esse é um assunto que tem gerado debates entre banqueiros centrais em várias partes do mundo.
Campos Neto, atualmente no Nubank, também apontou que a interação entre tokenização, Open Finance e inteligência artificial pode acelerar ainda mais essas transformações. Ele mencionou a possibilidade de liquidação em tempo real, a criação de produtos tokenizados e um uso intenso de dados, o que muda completamente a forma como a intermediação financeira ocorre.
Por fim, Dagnoni expressou otimismo sobre o futuro. Ele acredita que o Brasil conta com uma regulação avançada, um ecossistema vibrante de fintechs e uma sólida experiência em inovação. Para ele, isso significa que estamos prontos para liderar a próxima onda na área de tokenização de ativos.